Carta da Associação dos Índios Tupinambá da Serra do Padeiro

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Tel: (73) 9963-5764

Nós Comunidade da Serra do Padeiro solicitamos às autoridades presentes no I Encontro Estadual de Mulheres Indígenas, realizado na Aldeia Tupinambá da Serra do Padeiro, território Tupinambá de Olivença, sul da Bahia, e a toda sociedade brasileira, para que providências sejam tomadas, no sentido de promover a paz em nosso território e a liberdade do Cacique Babau, e seu irmão Givaldo Jesus da Silva. Que investigações sejam feitas no sentido de  punir os verdadeiros responsáveis pelas invasões do território Tupinambá, e que agilizem com rapidez a demarcação do nosso território a fim de evitar maiores conflitos e sejamos dizimados de uma só vez.

Nós indígenas da Aldeia Tupinambá Serra do Padeiro, estamos sitiados, pelo Poder de Polícia do Estado Federal, e pelas ações dos latifundiários que usam os pequenos agricultores e contratam mão de obra dos pistoleiros.

Desde, a prisão do Cacique Rosivaldo Ferreira da Silva (Cacique Babau), estamos impossibilitados de freqüentar a Escola Estadual no município de Buerarema, que está comprometendo o ano letivo desses jovens, os agricultores indígenas estão impedidos de cultivarem suas áreas, como por exemplo, plantar, colher, fazer farinha e vender seus produtos excedentes, isto se dá pelas ações arbitrárias da Polícia Federal e a presença de pistoleiros fortemente armados.

A Escola Tupinambá está sendo alvo de constante invasão por parte de Policiais Federias a paisana que chegam em momentos de aula promovendo pânico nas crianças e jovens, os ônibus escolares são constantemente revistados, crianças são obrigadas a colocar suas mãos para o alto como alguém que cometeu delito, isso acontece também, como as nossas casas e os arredores das roças.

É visível no semblante das crianças, o medo e a insegurança devidos os atos cometidos por cidadãos pagos pelos impostos de todos os brasileiros, inclusive nós, e nenhuma providência contundente de fato foi tomada pelos órgãos instituídos para tal.

Amanhã completará dois meses da prisão arbitrária do cacique Babau, haja, vista, que se deu em horário indevido “02:30H, na presença do seu filho menor de três anos, que se encontra com sinais visíveis de trauma. Esta mesma aconteceu no sentido de eliminar o caíque, pois os policiais que efetuaram a operação deram-lhe comprimido e amordaçaram-no.

É lamentável, que em pleno século onde a humanidade busca a liberdade e dignidade para viver, aqui na chamada região cacaueira o coronelismo se faz presente mostrando sinais visíveis de uma herança colonialista, Lutar pela vida tornou-se sinônimo de crime.

Esperamos que atos ocorridos desde a invasão, até nossos dias sejam amplamente divulgados, e que o Estado Brasileiro tome providências no sentido de eliminar este tipo de ação que impede os Povos Indígenas de lutarem pelos seus direitos territoriais que nos assegura outros direitos como cultura e tradição.

Diante da gravidade desses fatos que comprovam a necessidade de aceleração do processo de demarcação dos territórios indígenas Tupinambá, solicitamos:

1. A visita urgente do presidente da FUNAI na aldeia Tupinambá da Serra do Padeiro para conferir os fatos e situação em loco.

2. A realização de audiência pública promovida pela Comissão de Promoção da Igualdade e a Comissão dos Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Estado da Bahia na comunidade indígena Tupinambá da Serra do Padeiro visando a intervenção jurídica para combater a criminalização das lideranças e outros atos de violação dos direitos humanos.

Serra do Padeiro, 09 de Maio de 2010

Povos:

Tupinambá;

Pataxó;

Pataxó Hãhãhãe;

Tuxá;

Kiriri;

Kaimbé;

Pankaru;

Pankararu;

Xucuru-Kariri;

Kariri-xocó/Fulni-ô ;

Payayá.

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